terça-feira, 2 de outubro de 2012

O Fio Dos Tempos

De novo desfio nos dedos
o fio do tempo.

que tanto se me contém
em todos os séculos desfiados;
não acaba, não acaba,
desenrolando sempre,
já antes da palavra começado
já depois do silêncio continuado.

Abrem-se os chakras
e renasce o brilho.

Olhar que se abre,
sentido que se revela.

Uma vez mais
nada mais fiz
do que ser instrumento
do Supremo Poder.

Sempre nada mais
do que tanto.

terça-feira, 31 de julho de 2012

Advirto-te, sejas quem fores…
Tu, que desejas sondar os arcanos da Natureza.
Se não encontras dentro de ti aquilo que procuras…
tampouco o poderás encontrar fora.
Se ignoras as excelências da tua própria casa,
como poderás encontrar outras excelências?
Em ti se encontra oculto o tesouro dos tesouros!
Homem! Conhece-te a ti mesmo
e conhecerás o Universo e os Deuses.


Tales de Mileto

sexta-feira, 20 de julho de 2012

de Luz

libertaste a tua angústia
deixaste que saisse a expressão
da eterna pergunta, do medo:

a vida o que é,
o que somos,
o que vai do que fica?

meu amor feliz me fazes
indagando-me de surpresa,
deixando-me ver teus recônditos.

digo-te querida
somos de luz feitos,
consciência

ao nascer para a vida
se nos encobre a luminosa
essência da alma

o corpo que habitamos
nos tapa os olhos
e cegos tropeçamos
pela vida nossa fora

só pela morte se destapa
a luz de que nos fazemos.


(Julho, 2010)

de novo no (meu) deserto primordial

Regresso ao meu deserto, ao meu caminho solitário. Persistentemente calcorreando o cascalho, passo a passo. Não é o brilho que me cega. Apenas cerro as pálpebras para melhor ver o meu escuro.

quinta-feira, 19 de julho de 2012

Corpus Hermeticum - 2

"Então o Homem, que tinha pleno poder sobre o mundo dos seres mortais e animais irracionais, lançou-se através da armadura das esferas e rompendo seu envoltório fez mostrar à Natureza de baixo, a bela forma de Deus. Quando ela o viu, o ser que possuía em si a beleza insuperável e toda a energia dos Governadores aliada à forma de Deus, a Natureza sorriu de amor, pois tinha visto os traços desta forma maravilhosamente bela do ser humano se refletir na água e sua sombra sobre a terra. Tendo ele percebido esta forma semelhante a ele próprio na Natureza, refletida na água, amou-a e quis aí habitar. Assim o quis, foi feito e veio habitar a forma sem razão. Então a Natureza, tendo recebido nela seu amado, enlaçou-o totalmente e eles se uniram pois queimavam de amor."

Corpus Hermeticum - 1

"(...) subitamente, tudo se abriu diante de mim num momento, e tive uma visão sem limites, tudo tornou-se luz, serena e alegre, e ao vê-la apaixonei-me por ela. E pouco depois surgiu uma obscuridade dirigindo-se para baixo, em sua natureza assustadora e sombria, enrolando-se em espirais tortuosas, como uma serpente, foi assim que a percebi. Depois esta obscuridade transformou-se numa espécie de natureza húmida, agitada de uma maneira indizível e exalando um vapor, como o que sai do fogo e produzindo uma espécie de som, um gemido indescritível. Depois lançando um grito de apelo, sem articulação, tal que o comparei a uma voz de fogo, e ainda que saindo da luz auto-existente; um Verbo santo veio cobrir a Natureza, e um fogo sem mistura exalta-se da natureza húmida em direção à região sublime, era leve, vivo e ativo ao mesmo tempo; e o ar, sendo leve, seguia ao sopro ígneo elevando-se ao fogo, a partir da terra e da água, de forma a parecer preso ao fogo; pela terra e pela água, permaneciam no mesmo lugar, se bem que não se percebesse a terra separada da água: estavam continuamente em movimento sob a ação do sopro do Verbo que colocara-se sobre elas, segundo percebia minha audição."